terça-feira, 8 de setembro de 2009

FILIAÇÃO DO DELEGADO PROTÉGENES AO PCdoB

Filiação: O Brasil tem pressa. Temos de agir, reafirma Protógenes
Foi com sabor de lançamento de candidatura que aconteceu em São Paulo
nesta segunda (7), Dia da Independência, o ato público de filiação de
Protógenes Queiroz ao PCdoB. Mais de 500 pessoas lotaram o auditório
da Unip para saudá-lo. Ainda não há definição sobre a que cargo
concorrerá, mas ele deixou claro que quer unir diversos setores da
sociedade para enfrentar as questões que julga serem as mais graves no
país: a corrupção e a desigualdade social. “O Brasil tem pressa. Temos
de agir”, disse.
Priscila Lobregatte

Protógenes comemora novo passo
No final do ato, o delegado mais uma vez recebeu a visita de um agente
da justiça. Desta vez o funcionário, que preferiu não se identificar,
entregou-lhe uma queixa-crime movida pelo atual ministro da
Agricultura, Reinhold Stephanes, devido à entrevista dada por
Protógenes à revista Caros Amigos em dezembro do ano passado. Naquela
edição, o delegado dizia que Stephanes, quando presidente do Banestado
do Paraná, teria usado cheque pessoal para pagar fiança (de R$ 500
mil) de Vitor Hugo Nunes, envolvido com lavagem de dinheiro.

“Falei verdades consubstanciadas em provas”, explicou o delegado
afastado da PF. E completou dizendo que “os sucessivos os atos de
constrangimento têm se intensificado; isso demonstra a intenção desses
setores que são minoritários na República. Mas no momento certo, a
população vai dar a resposta que essa gente merece; 2010 está
chegando”, declarou. Na semana passada, em coletiva de imprensa,
Protógenes foi notificado a respeito de reabertura de processo
administrativo movido a partir de ação de Paulo Maluf.

Protógenes disse ainda que “está cada vez mais estreito o meu espaço
como agente público dentro da Polícia Federal” e que “meu caminho
agora é o da vida político-partidária brasileira”. Questionado sobre o
foro privilegiado que teria caso se candidate e vença as eleições para
o parlamento, declarou: “não sou bandido, sou contra a imunidade
parlamentar. Quando serve para proteger contra qualquer ação judicial,
não é imunidade, mas impunidade parlamentar”. Ele disse ainda que hoje
muitos quadros da Polícia Federal seguem seu caminho. “Diria que 99,9%
dos colegas da PF estão imbuídos desse mesmo espírito, haja vista que
o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, Cláudio
Avelar, também se filiou ao PCdoB”.

“Comunista, graças a Deus”

Falando ao público ainda durante o ato, Protógenes Queiroz brincou:
“sou comunista, graças a Deus”. E ressaltou o papel do vereador Jamil
Murad em sua decisão de se filiar. “Ele plantou essa semente”, contou.
Lembrando ter participado do Grito dos Excluídos, durante a manhã, o
delegado declarou que “neste dia 7 de setembro, quero começar meu
trabalho para incluir os excluídos juntamente com o PCdoB e diversos
setores da sociedade”.

Ao lado de representantes da maçonaria, de católicos e de ateus, o
delegado defendeu “amplas alianças” para transformar estruturalmente o
país. “O problema é que hoje os recursos não chegam a quem realmente
precisa. Estou aqui hoje como quem responde ao chamado daquela música
que diz: ‘foram me chamar, eu estou aqui o que é que há’”, colocou,
lembrando da canção de Dona Ivone Lara. E parafraseou: “vocês me
avisaram para pisar nesse chão político devagarinho”.

Lembrando os pontos de convergência entre os comunistas e a atual
gestão federal, Protógenes disse que o “PCdoB cumpre seu papel ao
apresentar um projeto de nação ao presidente Lula”. E ressaltou que “a
proposta que o presidente encaminhou para o Congresso Nacional sobre o
pré-sal consta em resolução do Comitê Central do PCdoB”.

O programa e nada mais

Renato Rabelo, presidente do PCdoB, contou como foi o processo de
cerca de três meses que resultou na filiação de Protógenes.
“Conversamos abertamente e apresentamos o nosso programa (socialista),
não mais do que isso”. Para o dirigente, a “existência do PCdoB é uma
exigência histórica”. Ele enfatizou que “não somos uma legenda de
ocasião, de eleição, mas um partido que se dedica permanentemente à
luta dos trabalhadores, do povo e da nação. Este encontro demonstra a
responsabilidade mútua que tanto o partido quanto Protógenes têm com o
projeto que defendemos”.

Para Rabelo, o delegado demonstrou que “é uma liderança de ideias,
comprometido com o nosso país”. Ele criticou ainda o que julga ser um
dos principais problemas do Brasil: “precisamos renovar nossas
instituições porque ainda há partes podres, setores antidemocráticos e
precisamos limpá-las. Foi isso que Protógenes começou a fazer com seu
trabalho na Polícia Federal, uma luta contra os colarinhos-brancos,
gente que acumula riqueza à custa da exploração dos demais, da
especulação”.

Segundo o dirigente, “Lula iniciou um projeto nacional, mas ainda há
obstáculos a serem superados”. Por isso, explicou que “2010 é uma
espécie de encruzilhada em que ou o país avança continuando no caminho
das mudanças, ou esse ciclo poderá ser interrompido”. Rabelo defendeu
a “união de forças avançadas comprometidas com esse projeto” e disse
que Protógenes “tem inserção em setores diferenciados da sociedade”.
Por fim, colocou que “sua entrada nas fileiras do PCdoB nos fortalece
e nos incentiva. Vamos juntos mudar o Brasil”.

Também saudaram a filiação de Protógenes Queiroz a presidente do
PCdoB-SP, Nádia Campeão; o ministro do Esporte, Orlando Silva; o
senador Inácio Arruda (PCdoB-CE); a deputada federal Jô Moraes
(PCdoB-MG); os deputados estaduais Álvaro Gomes (PCdoB-BA) e Pedro
Bigardi (PCdoB-SP); o vereador Jamil Murad, o presidente da UNE,
Augusto Chagas; o vice-presidente da CTB, Nivaldo Santana; o
presidente da Associação dos Delegados de Polícia de São Paulo, Sérgio
Roque e Benedito Marques, da Maçonaria Unida por São Paulo, entre
outros.

De São Paulo,
Priscila Lobregatte

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