Suíça bloqueia conta de ex-tesoureiro do PSDB paulista
O Ministério Público da Suíça anunciou que bloqueou uma conta bancária do brasileiro Robson Marinho, ex-tesoureiro de campanha do PSDB baulista e hoje conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado). A notícia é da Folha de S.Paulo desta quarta-feira (24). "O órgão reuniu indícios de que a conta recebeu pagamento de propina da Alstom", diz o jornal, que cita como fontes "três profissionais que acompanham a investigação", em curso na Suíça, França e Brasil, sobre o suborno de políticos de São Paulo pela multinacional francesa, que atua nas áreas de energia e transportes.
Marinho no TCE, com Alckmin: 'Não há conta em meu nome'
Marinho é suspeito de ter ajudado a Alstom a conseguir contrato de R$ 110 milhões (em valores atualizados, R$ 221 milhões) em 1998. Ex-tesoureiro da campanha de Mário Covas ao governo de São Paulo em 1994, ele foi indicado por Covas para chefe da Casa Civil, em 1995, e conselheiro do TCE, em 1997.
Propinas da Alstom no 3º Mundo
Os documentos do bloqueio estão em poder de promotores da Suíça e de juízes da França, onde a Alstom também é investigada por suspeita de pagar comissões ilegais para obter contratos com governos latino-americanos e asiáticos, entre eles o de São Paulo, nas gestões dos tucanos Mário Covas e Geraldo Alckmin.
A conta bloqueada recebeu pouco mais de US$ 1 milhão (cerca de R$ 2 milhões, pelo câmbio atual), de acordo com a quebra de sigilo. Atualmente, essa conta teria menos de US$ 1 milhão. Para os investigadores, as datas dos depósitos têm relação com o contrato que a Alstom assinou com a Eletropaulo em 1998. No fim de 2008 o titular da conta tentou transferir os recursos da Suíça para os EUA, mas os promotores suíços vetaram a tentativa.
Também foram bloqueadas outras contas de brasileiros investigados sob suspeita de receber comissões da Alstom. O jornal paulista não informa seus nomes, mas diz que esses contratos têm origem num projeto de 1983 chamado Gisel (Grupo Industrial para o Sistema da Eletropaulo), que visava modernizar a transmissão de energia no Estado.
A primeira suspeita sobre Marinho aparece num documento da Cegelec, empresa que foi comprada pela Alstom. Em memorando de 21 de outubro de 1997, época em que ele já estava no TCE, um executivo chamado Bernard Metz escreve que é preciso pagar 7,5% para que a empresa consiga o aditivo dez do projeto Gisel. A citação “R.M.” , identificando as letras como um “ex secrétaire du governeur“, aparece em anotações apreendidas na Alstom pelo Ministério Público da Suíça. A investigação europeia apurou também que "R.M." viajou para a França para assistir aos dois jogos finais da Copa do Mundo de 1998 com despesas pagas por empresas do Grupo Alstom
Marinho: "Quem acusa que prove"
Robson Marinho, ouvido pela Folha, negou tudo. "Não há nenhuma conta em meu nome na Suíça e em nenhum outro país", afirmou. "Estou sofrendo um processo leviano de insinuações sem fundamento", dsse ainda, e desafiou: "Quem acusa que prove".
O ex-tesoureiro tucano também é investigado no Brasil, a partir de solicitação do Ministério Público Federal ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), datada de meados do ano passado. Por ocupar hoje o cargo (vitalício) de conselheiro do TCE, Marinho só pode ser investigado pelo STJ e as apurações correm sob sigilo.
O governo paulista, governado há 15 anos pelos tucanos Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra, nunca investigou as denúncias de pagamento de propinas pela Alstom. As tentativas de instalar uma CPI do Caso Alstom na Assembléia Legislativa esbarraram na negativa da base de apoio pró-tucana, que já arquivou ou impediu a instalação de 72 pedidos de CPI de iniciativa da oposição.
fonte: vermelho.org.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário