terça-feira, 3 de maio de 2011
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Vamos com calma
Estamos todos muito contentes com o fato das comunidades do Cruzeiro e do Alemão estarem (pelo menos provisoriamente) livres do julgo do tráfico? Estamos felizes por ninguém ter morrido na invasão do Alemão? Claro, ou não são também os moradores dessas regiões, cariocas, brasileiros que têm direito de ir e vir? Estou feliz pelo Rio, pelo Brasil, por nós todos, mas principalmente, estou feliz por quem mora na Penha. No entanto preciso dizer: vamos com calma. A cobertura que grandes veículos de comunicação têm dado às operações policiais é de um triunfalismo perigoso que pode induzir a uma solução simplista (diga-se de passagem, muito mais sóbrias têm sido as declarações do Secretário de Segurança e do Governador do Rio). A população da Zona Sul carioca (como microcosmo de nossa classe média-alta brasileira) embalada com a cobertura televisiva, em geral, se divide entre a excitação com "o dia D" redentor e a frustração por não ter visto aqueles traficantes em fuga serem alvejados por um atirador num helicóptero.
As comunidades livres dos traficantes? É possível. Está havendo uma mudança de paradigmas quando se fala em tráfico de drogas, talvez o modelo do jovem de periferia armado vendendo pó esteja mesmo acabando. O Estado agora não pode sair das favelas reconquistadas, sob pena de repetição do esquema polícia-invade-muita-gente-morre-polícia-sai-o-tráfico-volta-e-toca-o-terror-na-comunidade, mas também não pode se manter lá só com a força policial, ou a mesma pode estabelecer uma relação de dominação semelhante à do tráfico ou das milícias com os moradores. O Estado precisa se fazer presente por inteiro. As UPPs são um ótimo primeiro passo, embora a polícia não tenha efetivo para se instalar agora nem na Penha nem em outras centenas de favelas cariocas dominadas por poderes paralelos. Na Vila Cruzeiro e no Alemão, o jeito vai ser deixar o Exército tomando conta por sete meses enquanto esses policiais da futura UPP são contratados e treinados. De tudo, o melhor foi ouvir que a prefeitura do Rio tem um plano de urbanização e políticas sociais e culturais para as favelas invadidas. Torço para que os agentes desse plano já façam companhia às Forças Armadas nesses sete meses, deixando alguns soldados livres para auxiliar no patrulhamento de fronteiras, impedindo que trezentos fuzis entrem no Complexo do Alemão.
Acabar com o tráfico? Aí é mais complexo. A única coisa que pode acabar mesmo com o tráfico é a legalização das drogas. Uma equação simples: enquanto houver consumo ilegal, haverá tráfico. De qualquer forma, a conquista de territórios perdidos e consequentemente das liberdades civis de seus moradores (conquistas que não combinam com abusos da polícia, que segundo alguns, participam de uma caça aos tesouros deixados por traficantes que fugiram pelo esgoto do PAC), é um grande avanço e merece aplausos, faz a gente pensar por que demorou tanto (Copa, Olimpíadas, não importa, antes tarde do que nunca). Me chamou atenção uma entrevista do chefe da polícia civil dizendo algo do tipo: "os bandidos da Rocinha que não se metam com a Zona Sul, senão vai sobrar para eles". Os ataques dos bandidos à Zona Sul do Rio certamente precipitaram a reação do Governo, mas o domínio de uma parcela da cidade por um poder que não o instituído já não é motivo suficiente para uma ação como a da semana passada?
Enfim, a retomada da Vila Cruzeiro e do Alemão pelo Governo é exemplar e importante especialmente para devolver direitos civis aos moradores das respectivas comunidades e as UPPs são um grande projeto, pois é o Estado finalmente se fazendo presente em bolsões de pobreza historicamente negligenciados por políticos.
Mas vamos com calma. É fundamental que haja uma reforma profunda na polícia; os policiais ganham muito mal (vale pensar sobre a PEC 300), são muito mal treinados, trabalham em péssimas condições e têm na corrupção uma cultura instituída. É urgente fortalecer as corregedorias e combater a corrupção policial! É preciso que as polícias ajam com a inteligência que demonstraram nas invasões; coordenadas. É fundamental que haja um patrulhamento nas fronteiras e rodovias e que se combata o tráfico de armas, que haja reforma do código penal para que o bandido perigoso não saia logo e para que o ladrão de galinha apenas preste serviços comunitários e é importante que se construam presídios de segurança máxima que impeçam um bandido de comandar seus negócios da cadeia. Tenho certeza que isso vai evitar muito sangue derramado na pura e simples política de confronto. Mas, mais do que tudo: a questão da segurança pública passa necessariamente pela questão social e isso não é esquerdismo naif. As comunidades pobres precisam deixar de ser tratadas como um caso de polícia. Precisam de hospitais, saneamento básico, emprego, esporte, lazer e principalmente educação e cultura. Assim como é melhor não deixar o fuzil entrar do que trocar tiro com ele, é melhor cuidar para que o jovem de periferia tenha alternativas antes que ele se transforme num daqueles cem caras fugindo que a gente viu na tv.
Wagner Moura é ator. Artigo publicado originalmente na página do deputado Marcelo Freixo (Psol-RJ)
É de outros mundos que carecemos!
Enfim, é preciso descolonizar o pensamento e pararmos de querer ser de 1º mundo. É de outros mundos que carecemos!
Hoje sabemos, conforme nos informa a ONU, que os 20% mais ricos do planeta consomem 84% da matéria e energia transformada anualmente e que os 80% mais pobres só são responsáveis pelo consumo de 16%! Assim, vai por terra o mito malthusiano de que é o crescimento demográfico que estaria colocando o planeta em risco, haja vista ser a pegada ecológica dos ricos o maior problema. E a questão se complexifica ainda mais quando observamos que temos mais ricos e classes médias com esse padrão de consumo ditado pelo 1º mundo no 3º mundo do que no 1º mundo.
È o que podemos constatar com as informações insuspeitas do cientista social egípcio Samir Amim que nos informa que, considerando o universo somente da população urbana do mundo, temos 330 milhões vivendo como Classes Médias e Ricas nos países do centro e 390 milhões como Classes Médias e Ricas nos países da periferia! Enfim, temos mais ricos e classes médias na população urbana nos países da periferia do que nos países do centro! Hoje sabemos que 53% da população mundial é urbana e que 70% dos urbanos do mundo estão no 3º mundo.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Jefferson Tramontini: reacendem os velhos preconceitos
A terceira vitória popular consecutiva, ocorrida na eleição presidencial, se deu ainda com mais força que nas duas anteriores. Refletiu-se na eleição de governadores, bancadas estaduais, na Câmara e no Senado, com vitórias, muitas expressivas, de candidatos vinculados ao campo progressista e de esquerda.
Por Jefferson Tramontini*, no Blog Classista
Fonte: VERMELHO
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Vermelho bate novo recorde histórico: 1,6 milhão de visitantes
presidente do Brasil, o Vermelho voltou a bater seu recorde de
audiência. Durante os 31 dias de outubro, o “portal da esquerda bem
informada” somou quase 1,6 milhão de visitantes — o número exato foi
1.598.014.
Por André Cintra
Houve um crescimento de 46,38% em relação aos 1.091.696 visitantes de
setembro — mês em que o Vermelho já havia contabilizado, até então,
sua maior audiência histórica. Os números não levam em conta os
acessos do Partido Vivo, página institucional do PCdoB e principal
parceiro do Vermelho.
De uma média de 36.390 visitantes por dia em setembro, os acessos ao
portal saltaram para 51.548 na média diária de outubro. O número de
“page view” também disparou — de 8.275.717 páginas acessadas em
setembro para pouco mais de 10,5 milhões no mês passado.
Num único dia, 3 de outubro, o Vermelho foi acessado por 100.862
internautas — índice igualmente recorde. A data, um domingo, coincidia
com as eleições para Presidência, governos estaduais, Senado, Câmara
Federal, assembleias legislativas e Câmara Distrital. Foi mais que o
triplo da audiência obtida no primeiro turno das eleições 2006 (cerca
de 35 mil).
Desde o começo de 2010, o Vermelho tem ganhado milhares de novos
visitantes a cada semana. Mas os acessos se intensificaram sobretudo a
partir de julho, com o início da campanha eleitoral. “O Vermelho
cresceu durante este ano e bateu todos os seus recordes históricos
porque viveu, em toda a sua plenitude, o embate político-eleitoral da
sociedade brasileira”, analisa José Reinaldo Carvalho, secretário de
Comunicação do PCdoB e editor do Vermelho.
Segundo ele, um dos méritos do portal foi não ter desvirtuado sua
linha editorial, nem enganado os internautas. “Ao cobrir as eleições,
o Vermelho tomou partido, escolheu o lado certo e tornou-se um veículo
de comunicação militante, ativo, propositivo, polêmico e mobilizador.
Crescemos porque soubemos corresponder às expectativas do nosso
público. Somos profundamente gratos a este e aos nossos colaboradores
— sem os quais tal êxito não teria sido possível.”
Fonte: Vermelho
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Vitória contundente para avançar nas mudanças
e da luta popular no país. Foi clara a escolha do povo brasileiro pelo
aprofundamento da democracia, o fortalecimento da soberania nacional e
a promoção da justiça social, que marcaram o período do governo Lula e
estiveram na base do programa da presidente eleita. Os brasileiros
rechaçaram o atraso, o obscurantismo, o entreguismo e as ameaças de
criminalização das lutas e organizações populares.
Por José Reinaldo Carvalho*
As forças mais reacionárias mobilizaram-se em favor do candidato
tucano, José Serra, cuja propaganda ressaltava os traços biográficos
de ex-líder estudantil e democrata. Contudo, Serra e seu entorno na
verdade se comportaram como reacionários impenitentes e, embora
tentassem toda a sorte de camuflagens, acabaram revelando-se como
representantes do imperialismo, do capital financeiro, dos grandes
monopólios e latifundiários. Suas mensagens sobre a política externa
não deixaram dúvidas quanto ao seu alinhamento. Serra prometia ser o
algoz da Bolívia e o novo ponta-de-lança do imperialismo estadunidense
para tentar desestabilizar o processo democrático-progressista na
América Latina, pondo na alça de mira a Revolução Bolivariana liderada
por Hugo Chávez.
Serra e as forças do atraso que o sustentavam recorreram a tudo. Na
25ª hora, até o papa de Roma foi mobilizado como cabo eleitoral de
quinta categoria. Não levaram em conta que um povo que eleva pouco a
pouco a sua consciência política à base da própria experiência, deixa
com o tempo de escutar as vozes das catacumbas. O que em nada
contradiz com suas convicções mais íntimas inclusive as religiosas.
A presidente eleita Dilma Rousseff fez um afirmativo discurso da
vitória em que reiterou seus compromissos com a democracia e a
construção de uma nação justa, forte e progressista. Sabe que o abismo
que nos separa desse ideal é a manutenção de graves iniqüidades
sociais resultantes do sistema político, econômico e social das
classes dominantes, o que é revelador da magnitude dos desafios.
O caminho que transformará profundamente o Brasil passa
necessariamente pelas reformas estruturais. É inadiável a reforma
política, que aprofunde e amplie a democracia, com o fortalecimento do
voto proporcional, o financiamento público das campanhas, a interdição
de financiamento empresarial, igualdade na distribuição dos tempos
para propaganda política gratuita. O país precisa da democratização da
comunicação social, que não pode continuar refém do oligopólio de umas
poucas famílias; da reforma tributária que redistribua a renda e
combata as desigualdades regionais e sociais; da universalização de
direitos – educação, saúde, habitação – e de políticas e serviços
públicos. O Brasil está maduro para galgar maiores níveis de
desenvolvimento econômico, de política industrial, de defesa dos seus
recursos naturais, de uma revolução na área da ciência e tecnologia e
no soerguimento da infra-estrutura. O progresso social exige também a
continuidade da luta pela reforma agrária e a reforma urbana.
Poucas horas depois de proclamada a vitória de Dilma Rousseff, as
forças derrotadas, através da mídia a seu serviço, começam também a
apregoar reformas: reforma fiscal, reforma previdenciária, reforma
trabalhista e reforma política com cláusula de barreira e adoção do
chamado voto distrital (eleição de deputados por voto majoritário ou
misto majoritário-proporcional). Trata-se da velha plataforma
retrógrada, conservadora, neoliberal, anti-social e antidemocrática.
No discurso da vitória, falando como estadista, a presidente eleita
estendeu a mão à oposição, sem deixar de dizer com a maior clareza que
governará com os dez partidos que marcharam com ela desde o primeiro
turno, aos quais se agregaram novos setores e lideranças no segundo.
Este é o caminho: governo de coalizão e unidade das forças
democráticas e progressistas, sem hegemonismos autoproclamados ou
pré-estabelecidos.
Serra, no pronunciamento em que reconheceu a derrota, anunciou que vai
continuar sua luta. Outros cardeais tucanos anunciaram uma “oposição
forte”.
É assim que as coisas são. O momento é propício a uma grande unidade
das forças que querem efetivamente transformar o país. Convivência
democrática e institucional entre o governo e a oposição é algo
necessário, mas isto é bem diferente de unidade tucano-petista.
Ao novo governo, sufragado pela maioria absoluta dos brasileiros,
caberá conduzir o país no sentido de concretizar os compromissos
assumidos e corresponder às aspirações do povo brasileiro. Às forças
de esquerda e ao movimento social corresponderá apoiar sem vacilações
a presidente eleita e com ela lutar pela realização e o aprofundamento
das transformações sociais.
*Secretário Nacional de Comunicação do PCdoB